Logo abaixo segue o texto completo do teatro:
Casório Caipira, o qual foi apresentado pelo Grêmio Estudantil Juventude
em Ação no dia 07/07/2012 durante a Festa Caipira do ARRAIAL CARLOS BRATZ. Este
texto é de autoria da aluna Rafaela Engers Gunzel do 2º ano E. M., com
adaptações feitas pelo Grêmio Estudantil.
CASÓRIO CAIPIRA 2012
(MÚSICA E SEU EU BEBO É PROBLEMA MEU,
entra ”Fedôncio”, o suposto noivo, dançando com a garrafa de cachaça na mão,
fica no meio do cenário dançando sozinho).
(entra a
noiva, Flor dengosa do botão cor de rosa.).
NOIVA: Fedôncio.
Fedôncio (a musica para e ele segue dançando) FEDÔNCIOOOOO!(da um puxão).
FEDÔNCIO: (se
assusta) o qui é?(se vira e olha para a noiva) Ai que bicho feio, cruiz credo,
ave Maria!
NOIVA:
desaforado! Inté parece que se oio no espeio.
NOIVA: eu tenho
uma coisa pra conta pra oce. Eu peguei cria.
FEDÔNCIO: ah
ah ah quale o trocha que ia embucha oce?
NOIVA: oce é
claro
FEDÔNCIO:
eu????
NOIVA: sim
oce mermo;
FEDÔNCIO: mas
eu num fiz nada.
NOIVA: ora
oce num si lembra daquelas veis que a gente si encontro escundidinho... ( se
atira para o noivo) lá nas moitas perto do canaviar.
FEDÔNCIO: mas
eu num lembro de te encontrado com oce lá não. E além do mais isso é probrema
teu.
NOIVA: é teu
também, poi foi oce que me embucho e o que tá feito tá feito, agora oce vai tende
se amarra comingo.
FEDÔNCIO: mas
oce tem certeza que é meu memo esse fio?
NOIVA: claro
que sim Fedôncio e eu já contei pra minha mainha.
FEDÔNCIO:
sobro! (sai resmungando)
(noiva se
senta e chega seu irmão)
NOVALINO: (de
espingarda) o que ocê ta fazendo sozinha ai Flor Dengosa do botão cor de rosa? Vamo já pra casa. (saem)
(entra o
padre a freira e o coroinha, e começam a faxinar a paróquia. MÚSICA EU QUERO TCHU TCHA).
PADRE: o
coroinha vai busca uma agua benta bem geladinha, vai.
COROINHA:
vixê, a água benta acabo faiz dias.
PADRE: Já?
Então vai no bar, digo, na fonte buscar mais
(coroinha sai
de cena e o padre e a freira continuam limpando, eis que surge um casal
brigando) MÚSICA CACHORRO SAFADO SEM
VERGONHA.
PROCÓPIA: Abundio
Branco, mas ocê é safado pur dimais hein!
ABUNDIO:
Sorta isso muié.
PROCÓPIA: eu
vo é sorta nos teus côrno seu sem vergonha.
(o padre vai
ao encontro deles e interrompe-os, a música para.).
PADRE: o que tá
havendo aqui sô? Isso não é luga de discuti a relação.
ABUNDIO: é
essa doidia ai, que me esbofeta só pra modi discubriu qui ieu peguei outra muié.
PRCÓPIA: esse
desavergonhado me corneia.
PADRE:
Calmaaaaaaaaa. Vamo ressorve isso, venham (sentam-se no 1º banco).
FREIRA:
(saindo de trás do confessionário) o que é qui orve aqui da pra uvi a discussão
em toda vila.
PROCÓPIA: ocê
cala aboca antes que eu te pegue também, oh (mostra o pau de macarrão pra
freira).
PADRE: Mas me
digam como tudio começo
PROCÓPIA: o
safado do meu marido foi arrasta asa protra.
ABUNDIO
BRANCO: eu não! Foi ela que vei pra cima deu 1º.
PROCÓPIA:
Desaforo, me corneia e que se faze de inocente. (parte pra cima dele e o padre
aparta)
PADRE: parem
co isso já! Abundio branco ocê num si lembra o que jurou no dia de seu
casamento?
FREIRA: Mas
padre, cavalo amarrado também pasta. (a Procópia encarra a freira e levanta o
pau de macarrão)
PADRE: isso é
verdade, mais mermo assim ele tende pedi perdão.
ABUNDIO
BRANCO: pra Deus inte peço, agora pra essa ai, nem a pau!
PADRE: Abundio
branco peça perdão pra tua muié.
ABUNDIO
BRANCO: Prefiro durmi junto com o totó a pidi perdão pre essa ai.
PROCÓPIA: A é!
Intaõ eu vai mostra cumeque se adrestra um cachorro disobidiente. ( sai
correndo atrás dele , MÚSICA CASINHA DO
TOTÓ.)
(padre faz
sinal de deixa e segue sua faxina)
COROINHA:
(vem entrando com uma caixa térmica no ombro) Ai, ai, como essa agua benta tá
pesada, como sempre. (para pra descansar)
COROINHA: é
sempre eu, tudo eu.
(chega
Fedôncio)
FEDÔNCIO:
oque ocê tá recramando ai?
COROINHA: você
podia me ajuda com a água benta aqui.
FEDÔNCIO:
pode xá comigo (ergue e já solta à caixa)
COROINHA: Que
foi Fedôncio?
FEDÔNCIO: te
vira com isso!!! Essa joça tá pesada pur dimais. (continuam os dois a caminhar
em direção a igreja)
(chegam na
paroquia)
FEDÔNCIO: sua
bença irmã.
FREIRA: Deus
te abençoie meu fio (se atira toda pra cima dele) MÚSICA ASSIM VOCÊ MATA O PAPAI
FEDÔNCIO:
(gosta da atirada) O padre tá?
FREIRA: tá
sim!
PADRE: (sai
de trás do confessionário) Fedôncio, ocê pur aqui?
FEDÔNCIO: ieu
to apercizado de falo cum o sinhô (os dois saem para um lado e a freira e o
coroinha vão escutar a conversa)
PADRE: me
conte o que assucedeu sô
FEDÔNCIO: A
Flor Dengosa do Botão cor de rosa, fia do seu Eulampio tá embuchada.
PADRE: a Flor
Dengosa do Botão cor de rosa? Quem é o otário?
FEDÔNCIO: ai
é que tá seu vigário, ela disse que so eu, mas eu me lembro de te me rolado nas
moitas, mas não sei se foi com ela porque eu tinha tomado uns pocos gol de pinga,
uns 30 a 40.
PADRE: Mas
quem garante que não era ela que ocê enrolo nas moita.
FREIRA: (se
metendo) Eu garanto!!!
PADRE: o que
ocê tá fazendo aqui? Perdeu o poco da vergonha que te restava?
FREIRA: Mas
era ieu que me enrolava nas moita com o Fedôncio.
COROINHA: Até
ocê que é frera tá erguendo o abito, o que sorba pras outra muiè?
PADRE: vai
cuida da agua benta vai. (coroinha se afasta um pouco, mas fica a escutar) Mas
se esse fio naum é teu de quem é?
FEDÔNCIO: ieu
que num sei seu vigário.
FREIRA: i eu
também não.
PADRE: Então
eu vo tende chama a Flor Dengosa pra se confessa.
FREIRA: isso
mermo. (se atira pro lado do Fedôncio) Vamo dá uma vortinha benhe. (saem os
dois se fresquiando)
PADRE: ô
coroinha vem aqui
COROINHA: me
chamo pra vim aqui seu padre?
PADRE: não!!!
Pra ir vê se a porca boto ovo. É claro que chamei. Vai até a casa do seu
Eulampio chama a Flor Dengosa
COROINHA: pra
que seu padre? O que ocê que com ela?
PADRE: dexa
de se curioso e vai duma veiz. (coroinha sai pra longe e volta logo com Flor e
seu irmão Novalino)
NOIVA: Olá
seu vigário.
PADRE: olá,
eu quero fala cum ocê, Coroinha vai leva o Novalino dá uma vorta vai (vai
empurrando os dois pra fora) Flor Dengosa venha até o confessionário.
(Os dois vão
até o confessionário e se colocam nos devidos lugares)
PADRE: Flor
Dengosa do Botão cor de rosa ocê tá prenha?
NOIVA: To sim
seu vigário.
PADRE: e quem
é o pai?
NOIVA: é, é,
é...
PADRE: eu
quero que ocê fale a verdade.
NOIVA: Eu
contei pra mainha que era o Fedôncio, mas eu nunca encontrei com ele..., por
outro lado ele é sortero e bonitão, e depois ele não sabe nem com quem se
encontra...
PADRE: mas no
finar das contas quem embucho ocê? (param para ouvir os gritos de Abundio
Branco e Procópia que estão fazendo uma confusão do lado de fora. O coroinha
entra correndo chamar o padre).
COROINHA:
Padre!!! Padreeeeeeeeee!
PADRE: (sai
do confessionário) Meu Jesus Cristo o que tá acontecendo aqui?
COROINHA: Tá
uma confusão das braba lá fora!
PADRE: Espera
ai Flor Dengosa que eu já volto. (sai e vai ver a confusão) MÚSICA CACHORRO SAFADO SEM VERGONHA
PADRE: O que tá
acontecendo aqui?
ABUNDIO
BRANCO: (apanhando da mulher) é essa loca seu padre!
PADRE: Será
que eu vo tende chama o delegado?
PROCÓPIA:
Isso mermo, pra ele prende o Abundio.
PADRE:
coroinha vai já chama o delegado
(coroinha sai
correndo e volta com o delegado e dois soldados, um carregando o outro em uma
carrinho de mão) MÚSICA TROPA DE ELITE.
DELEGADO:
Quem é o arruaceiro da veiz?
PROCÓPIA: é o
Abundio seu delegado.
DELEGADO: soldados
prendam o meliante (amarram Abundio com uma corda e colocam dentro do carinho e
vira e mexe o deixam cair)
SOLDADO 1:
Amarra direito
SOLDADO 2:
Amarra ocê direito
SOLDADO 1:
pega ele e vamo coloca na viatura!
SOLDADO 2:
ocê carrega porque já e acostumado a ser burro de carga
DELEGADO:
Parem de discutir e levem ele duma veiz! Borra pra delegacia (saem de cena) (o
padre e o coroinha vão junto)
(nisso chega
seu Eulampio na paróquia procurando o Padre, como não o vê da porta vai até o
confessionário procurar, senta dentro).
NOIVA: Poxa,
até que infim achei que não ia vorta mais! Mas como eu ia dizendo eu disse pra
mainha que eu tava embuchada do Fedôncio.
EULAMPIO:
(apavorado sai do confessionário) Então ocê tá prenha minha fia?
NOIVA:
Painho!!(muito assustada)
EULAMPIO:
Então ocê tá prenha e eu so o urtimo a sabe? Bora pra casa vamo ressorve o
casório, pois se ocê tá prenha tende casar. (saem de cena)
PADRE: (volta
da delegacia junto com o coroinha e a freira) Que dia hoje hein! Até qui infim
vo pode fica im paiz na minha paroca. Ôxente a Flor Dengosa!(assustado) Isquici
dela (confere o confessionário) Ela já foi embora e eu não discubri de quem é a
cria que ela tá esperando. Vó toma uma agua benta pra relaxa (vai pra trás do
confessionário)
COROINHA: oia
quem vem se achegando.
EULAMPIO: Olá
seu vigário ieu quiria di marca o casório da Flor Dengosa e o mais rápido
possível.
PADRE: eu vo
arranja uma data (pega um caderninho, procura , procura. Cossa a cabeça) Ta
difícil seu Eulampio a agenda tá cheia (mostra o caderninho sem nenhuma
escrita), mas pode se daqui a poco?
EULAMPIO:
pode sim, quanto antes casa mió, arruma a igreja que eu arrumo o resto. (sai)
(Começam os
preparativos os 3 dão uma passada de vassoura e já começa a chegar os
convidados: delegado e Cia, padrinhos, pais e povo em geral, o noivo (Fedôncio)
chega de mãos pro alto sendo escoltado pelo pai e irmão da noiva e os soldados;
todos apostos a noiva entra ao som de uma MÚSICA
CAIPIRA).
PADRE: bem,
hoje estamos aqui runidos para celebrar o encabrestamento de Flor Dengosa do
Botão cor de rosa e Fedôncio do Banho Esquecido. Agora eu peço para que os
noivos e seus padrinhos se aproximem para o benzimento.
FEDÔNCIO: vai
demora muito pra contesta?
NOVALINO: Ti
assossegue cabra!
PADRE: te
benzo e te curo...
COROINHA: Com
mijo de burro
PADRE: te benzo
te mato...
COROINHA: com
bosta de gato
PADRE: tu não
vai fala certo cala a boca!(sai benzendo todo mundo até a plateia) Te benzo te
curo...
PADRE: (volta
pro altar) Agora vamos ao juramento dos noivos, Flor repita tudo o que eu disser:
PADRE: Eu
Flor Dengosa do Botão cor de rosa prometo
NOIVA: mas o
sinhô é o vigário e eu so a Flor Dengosa.
FREIRA: mas é
procê repiti burra.
NOIVA: ocê
fica quieta e naum se mete.
PADRE: repita
comigo: Eu Flor Dengosa do Botão cor de rosa prometo
NOIVA: Eu...
PADRE: ser
fier, amar e respeitar.
NOIVA: ser...
PADRE: E
fazer todas as vontades de Fedôncio do Banho Esquecido meu esposo.
NOIVA: E fazer...
PADRE: agora
ocê Fedôncio repita tudo o que eu disser
FEDÔNCIO:
Posso fazer uma pregunta antes? Quando vai chega a hora de contesta?
EULAMPIO: se
assossegue cabra safado
PADRE: agora
repita: Eu Fedôncio do Banho Esquecido prometo amar minha esposa.
FEDÔNCIO: eu...
PADRE: Beber
e farrear até que o divorcio nos separe
FEDÔNCIO:
beber...
PADRE: agora
é a hora da oração, se ajoelhem e repitam comigo:
Uísque
e Vodka que estais no bar
Alcoolatrado seja o nosso fígado
Venha a nós o copo cheio nunca pelo meio
Seja feita a nossa bagaçada
Assim na taberna como na calçada
A caneca nossa de cada dia nos dai hoje
Perdoai as nossas bebedeiras
Assim como nós perdoamos
A quem não tenha bebido
Não nos deixeis cair na Coca Light
E livrai-nos da água.
Amém!!!
PADRE: Agora é a hora tão esperada do casamento...
MADRINHA 1: os noivos vão se beijar!
MADRINHA 2: Não eles vão troca as aliança...
PAI DO NOIVO: Deixa o vigário fala.
PADRE: se arguem tem argo contra esse casório fale agora ou cale-se para
sempre.
FEDÔNCIO: eu tenho! (o pai e o irmão da noiva apontam as armas) Eu naum
so o pai da cria da Flor Dengosa.
NOIVA: ocê não pode prova
FREIRA: eu confirmo a versão do noivo, era eu quem me encontrava com ele
perto do canavial nas moita (se atira toda).
PADRINHO 1: mais se até a freira ergueu a sai pro Fedôncio o que sobra
pra Flor Dengosa.
MÃE DO NOIVO: Mais se ele não é o pai não pode casa cum ela.
PADRINHO 2: Mais quem é o pai intonces?
PADRE: fala pra nóis Flor quem é o pai pra modi nóis sigui cum o casório
NOIVA: o pai é, é... (olha pro público e diz) É o Abundio Branco!
EULAMPIO: delegado vai busca aquele meliante pra casa com a minha fia. (o
delegado sai com os soldados e vai buscar o Abundio)
PROCÒPIA: (se levanta) Mas ele é casado comigo
PRIMA: mas ocês não tinha brigado?
PROCÓPIA: sim, mais nos paper ele é meu marido.
PADRE: espois ocêis separa.
PROCOPIA: Mas i eu vo fica cum quem?
NOVALINO: Fica cum eu.
FEDÔNCIO: e cum eu.
PROCÓPIA: gostei tá feita à troca, 2 por um é bem meior.
MÚSICA TROPA DE ELITE
(o delegado volta com o Abundio Branco)
ABUNDIO: o que tá acontecendo? Porque me chamaram? O que oceis tudo tão
fazendo aqui?
NOIVA: ocê vai casa cum eu, porque eu to prenha de ocê. (nesse momento o
noivo foge e os guardas saem de atrás e trazem ela na mira do bodoque)
PADRE: vamo sigui o casório então, se arguem tem algo contra que fale
agora (silencio total) o aio pode traze as alianças. (entra o aio com duas
porcas de patrola em uma bandeja) Coloquem as alianças.
ABUNDIO BRANCO: (tenta fugir) eu não! (pai da noiva aponta a arma e ele
ressorve coloca, ela também põe).
PADRE: (pega um livro extra e uma vareta) Agora assassinem o livro dos amarrados
(assinam). Eu vos decraro marido e muié.
(nisso entra correndo e muito cansada uma mulher)
MULHER: Pare! Pare esse casório
EULAMPIO: Mais essa o que essa loca que aqui?
MULHER: eu sou a muié do Abundio
PROCÓPIA: Mas como se ele era casado cum eu ate a poco.
NOIVA: e cum eu agora.
MULHER: mas cum eu ele é casado a mais de 30 anos e tem 7 fio (entra uma
escadinha de filhos gritando: papai, papai).
PADRE: vamo para ai! Arguem me exprica isso
MULHER: esse desavergonhado teve uma penca de fio cum eu e dispois se
sumiu no mundo, faiz anos que to atrais dele i hoje achei.
NOIVA: e a gora cum quem eu vo mi casa?
EULAMPIO: cum alguém vai tende se, porque mais encaiada que tu tá num
pode fica.
NOIVA: i eu vo mi enrabicha cum o coroinha (coroinha faz sinal
desesperado de não) porque na verdade o fio é mermo (envergonhada) do coroinha!
EULAMPIO: o que!! Desse pivete!! (vai apontando a arma pro coroinha
enquanto isso ele e a noiva fogem na viatura do policia e se somem).
PADRE: Então vamo faze os separamento (pega o livro rasga a folha onde
os noivos tinham assinado amassa e joga fora) Que Deus me perdoe e não me deixe
falta agua benta (toma uns gol de canha)
ABUNDIO: I eu cumeque fico?
PADRE: Tu te vira com as tuas muié e teus fio. MÚSICA CACHORRO SAFADO SEM VERGONHA (as mulheres dele saem atrás
dele sentando o bofete, enquanto isso todos voltam ao centro para finalizar).